terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Triste vazio

Eram ainda oito da manhã quando acordei com uma sensação de mau estar! :x Estava triste e sem vontade para sair da cama... Parecia que tinha estado a chorar imenso mas nem uma lágrima havia deitado!
Sabia que o dia não ía ser muito alegre pois estava sozinha em casa, peguei no telemóvel para confirmar as horas pois o relógio podia não estar certo, mas não confirmava-se eram 8h e 15minutos! Levanto-me da cama e arrasto-me até à sala arredo as cortinas da janela da varanda e olho lá para fora... senti-me ainda mais triste, o céu estava cinzento e a chuva caía, a praia estava deserta, apenas se via dois ou três corpos no meio do mar agarrados às suas pranchas, o que não era de estranhar visto que as ondas estavam fantásticas para os amantes do surf!
Fui até à cozinha e preparei um copo de leite fresco com chocolate, apesar da chuva estava calor! Apercebi-me de que a minha mãe me tinha deixado um recado na porta do frigorífico, o que era típico quando ela saía cedo, era um recado que dizia o mesmo de sempre “Bom dia filhota, toma o pequeno almoço como deve ser e já sabes que a mãe deixou o almoço no forno é só aquecer! Depois ao almoço a mãe liga! Beijinhos porta-te bem e qualquer coisa manda mensagem! “ depois de ler isto fui de novo para a sala, ligo a televisão e como não poderia deixar de ser em mais um dia de férias estava a dar bonecos! Não estava com cabeça para estar a ver bonecos, sentia um vazio dentro, sentia que uma parte de mim tinha-me sido retirada mas não entendia o porquê... Estava de pijama e não tinha grande vontade para me ir meter debaixo do chuveiro e tomar banho até porque quase de certeza que não ía sair de casa! Resolvi então vestir uns calções e a minha camisola preferida que me tinham trazido de uma viagem de finalistas, adorava aquela camisola apesar de saber que existiam no mínino mais umas largas centenas delas a dizerem o mesmo “ I Paris” peguei no bloco de folhas que estava na minha secretária e fui para a sala, liguei o mp3 e começei a fazer uns riscos numa folha, tinha a alma envolta num sentimento de melancolia e tédio, sabia que possivelmente alguém me iría mandar uma mensagem a dizer “vamos lanchar todos logo à tarde? :) ” era algo comum em dias de chuva mas hoje não me apetecia sair, sentia-me só mas também sentia que precisava daquele momento a sós para pensar em muitas coisas! Continuei a fazer riscos até que subitamente arranquei a folha e começei a escrever um texto, mais um texto... O relógio marcava 13horas quando fui almoçar!
 2h 30minutos ouço o telemóvel vibrar e aí estava a habitual mensagem dos dias de chuva “ Vamos lanchar todos logo à tarde? :) ” não me sentia com grande vontade pelo que respondi “Desculpa mas hoje não me dá jeito, a minha mãe pediu-me para dar um jeito na casa, vão vocês e comam também por mim!”. Sabia que não estava a ser sensata ao mentir mas também sabia que se tivesse dito que não porque estava mal teria sido vítima de um longo interrogatório ao qual não me estava a apetecer responder!
Peguei numa revista e começei a ler, rapidamente percebi que era uma revista cor-de-rosa onde vinham uma série de notícias fúteis e desinteressantes e de imediato a pousei no monte das revistas! Perguntava-me o que se passava como é que nada me agradava naquele dia! Subitamente olhei para o armário castanho com as portas de vidro onde se viam uma série de álbuns de fotografias, abri as portas e tirei os álbuns, sentei-me no chão e começei a virar página a página e ao fim de algumas páginas as lágrimas começaram a descer pela minha face, como se fossem as gotas de água que desciam pelos vidros das janelas da ­varanda... Eram fotos de criança, fotos de festas de aniversário, fotos da escola primária, fotos de que já nem eu me lembrava...
Foi então que percebi porque é que me estava a sentir com um vazio enorme dentro de mim, porque naquele dia, naquele momento, aquela hora eu tinha 15 anos e percebi que já nada era vivido com intensidade, percebi que a minha vida apesar de tudo era uma vida monótona! Percebi que a parte que tinham tirado de mim foi a parte que à 10 anos fazia-me sentir feliz e fazia-me sentir que tinha vida, percebi que estava a deixar morrer aos poucos a criança que todos nós devemos conservar para sempre dentro de nós!  
Porque apesar de tudo, o facto de os anos passarem não quer dizer que nós tenhamos de deixar morrer a criança que existe dentro de nós!


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